15-07-2010, 10:54
(This post was last modified: 15-07-2010, 17:13 by Dehumanizer.)
Relativamente ao pensamento positivo, imagino que há quem pense algo tipo "mas estás-me a dizer que pensar positivamente, ser optimista, etc. não são boas ideias? Que devemos andar pessimistas e deprimidos?" É claro que não é essa a ideia (e o vídeo menciona-o, de passagem). A questão aqui, a meu ver, é que há duas interpretações bem distintas do significado de "pensamento positivo", e os "new agers" em geral fazem tudo para misturar as duas, tornando-as inseparáveis.
"Pensamento positivo", isto é, viver a vida de uma forma optimista e sem medos paralisantes, tentando ver sempre que possível o lado bom das coisas e evitando ao máximo que os problemas / stresses do dia-a-dia nos deitem abaixo, é uma boa ideia, e faz diferença na nossa vida, em termos do nosso bem-estar psicológico, da nossa atitude perante problemas e perante outras pessoas, e afins. Torna-nos pessoas menos stressadas e mais agradáveis -- e, por conseguinte, mais "populares", o que não só tende a aumentar ainda mais o nosso bem-estar, como ajuda relativamente ao sucesso na vida -- ou seja, acaba por ser, de certa forma, um círculo virtuoso: optimismo provoca sucesso que provoca mais optimismo que provoca mais sucesso que provoca...
Mas não é isso que os "new agers" promovem (se bem que, desonestamente, recuam para esse significado mais básico quando os criticamos). O que eles promovem, em livros como o estupidamente best-seller "O Segredo", mencionado no vídeo, é a ideia de que os nossos pensamentos e as nossas emoções afectam directamente o universo, incluindo de forma física e à distância; que a realidade é fluida e subjectiva, construída por cada um de nós nas nossas cabeças (e que uma árvore a cair numa floresta sem ninguém ao pé pode não fazer som, precisamente porque a realidade é subjectiva); que para ter sucesso e sorte basta "acreditar" nesse sucesso e sorte e dessa forma atraí-los. Que para conseguir algo basta "querer muito".
E, portanto, que quem fracassa, quem sofre alguma catástrofe (mesmo uma catástrofe natural), é porque não queria suficientemente o sucesso, e, dessa forma, atraiu as desgraças. Ou seja, a culpa é sempre da vítima. Mais obsceno do que o "cada um tem o que merece", aqui a ideia é "cada um tem o que quer". Os pobres são pobres porque querem (ou porque não querem suficientemente a riqueza), os doentes são doentes porque "não acreditam" na sua saúde, e as vítimas de um terramoto ou vulcão têm a culpa disso porque os seus "pensamentos negativos" atraíram a catástrofe.
Isto, senhoras e senhores, é do mais doentio que pode haver.
"Pensamento positivo", isto é, viver a vida de uma forma optimista e sem medos paralisantes, tentando ver sempre que possível o lado bom das coisas e evitando ao máximo que os problemas / stresses do dia-a-dia nos deitem abaixo, é uma boa ideia, e faz diferença na nossa vida, em termos do nosso bem-estar psicológico, da nossa atitude perante problemas e perante outras pessoas, e afins. Torna-nos pessoas menos stressadas e mais agradáveis -- e, por conseguinte, mais "populares", o que não só tende a aumentar ainda mais o nosso bem-estar, como ajuda relativamente ao sucesso na vida -- ou seja, acaba por ser, de certa forma, um círculo virtuoso: optimismo provoca sucesso que provoca mais optimismo que provoca mais sucesso que provoca...
Mas não é isso que os "new agers" promovem (se bem que, desonestamente, recuam para esse significado mais básico quando os criticamos). O que eles promovem, em livros como o estupidamente best-seller "O Segredo", mencionado no vídeo, é a ideia de que os nossos pensamentos e as nossas emoções afectam directamente o universo, incluindo de forma física e à distância; que a realidade é fluida e subjectiva, construída por cada um de nós nas nossas cabeças (e que uma árvore a cair numa floresta sem ninguém ao pé pode não fazer som, precisamente porque a realidade é subjectiva); que para ter sucesso e sorte basta "acreditar" nesse sucesso e sorte e dessa forma atraí-los. Que para conseguir algo basta "querer muito".
E, portanto, que quem fracassa, quem sofre alguma catástrofe (mesmo uma catástrofe natural), é porque não queria suficientemente o sucesso, e, dessa forma, atraiu as desgraças. Ou seja, a culpa é sempre da vítima. Mais obsceno do que o "cada um tem o que merece", aqui a ideia é "cada um tem o que quer". Os pobres são pobres porque querem (ou porque não querem suficientemente a riqueza), os doentes são doentes porque "não acreditam" na sua saúde, e as vítimas de um terramoto ou vulcão têm a culpa disso porque os seus "pensamentos negativos" atraíram a catástrofe.
Isto, senhoras e senhores, é do mais doentio que pode haver.
"Being based on history, the stages of the game will also be based on battles which actually took place in ancient Japan. So here's this giant enemy crab..."