06-09-2012, 22:08
Vamos começar, como eu gosto de dizer, pelo início. É sempre um bom ponto de partida. Às vezes engano-me e começo pelo fim. Digamos que não dá bom resultado (spoiler, spoiler...).
PIRANHA 3D
(porque em 2D é uma treta)
Vi o filme em 2D. Em casa, no sofá. Tinha acabado de ganhar um bilhete duplo para ir ver a antestreia do "Piranha 3DD" - aparentemente, a sequela com o nome mais original desde que alguém se lembrou de usar "A Vingança", num subtítulo do seu segundo filme. Não sabia que tinha existido um antes, apesar de me lembrar logo após ter revisto o cartaz. É bonito e tem piranhas.
Não tenho por hábito assistir a filmes de Série B ou daqueles filmes da treta que o Rufferto costuma ver. Não tenho esse hábito porque sei que perderia o meu tempo com eles. São filmes que, creio, servem como exemplo, pois aprendemos que, no futuro, filmes desse género são para evitar. E por isso convém ver o maior número deles, pois o futuro é longo e eu não gosto de perder tempo no futuro. É chato, no mínimo.
Este foi dos primeiros e acho que comecei bem, pois este é daqueles que não quero evitar no meu futuro. O meu futuro com filmes destes vai ser próspero. E no meio disto tudo, reparei que ainda não comecei a analisar o filme. Sem mais demoras...
Quem criou este filme dedicou-lhe corpo e alma. Nota-se que pegou numa ideia original - piranhas - e passou-a para o grande ecrã, na tentativa de cativar os espectadores com o mais puro drama. Uma tentativa louvada, é certo. Mas não resultou.
O filme passa-se numa cidadezita americana, à beira de um grande lago. Estamos nas Férias Grandes americanas e está tudo cheio de gente culta, educada e bem comportada. Só que não está. Aqui encontram-se todos os estereótipos americanos, desde as famosas "wooo-girls", aos "douch bags" típicos, todos juntos naquelas festas de T-shirt molhada. Aaaaaah, [Estados Unidos da] América.
Já falei que havia um lago? Pois. Então, a primeira cena que vemos é a de um homem simpático, a pescar num frágil barquinho, no meio do lago. Está um bocado para o bêbado e é um actor qualquer famoso, que o Klawfive diz conhecer. Mas, citando a Teresa Guilherme, "isso agora não interessa nada". O que interessa é que, de repente (como quase todos), há um ligeiro tremor de terra, uma deslocação de placas tectónicas que, azar dos azares, acontece mesmo no meio do lago. Este acontecimento cria uma ligeira abertura para o interior da terra, que faz com que o lago se comece a esvaziar (pensava eu), como água numa banheira. Há um grande remoinho e vindo de baixo, surgem umas piranhas com má disposição. Sinceramente, não acho correcto. De qualquer modo, estão com fome. O senhor pescador veio mesmo a tempo e, ainda por cima, já está temperado com cerveja. Elas vão adorar...
O Lago não se esvaziou, pelo que não ficou explicado o remoinho gigante. O que nos contam é que, por baixo do Lago Vitória (chama-se assim), existe um outro lago, que já não vê a luz do dia há um par de milhões de anos. Continua sem ver, mas as piranhas descobriram a luz ao fundo do túnel e decidiram dizer ao mundo: "olá, estou aqui e vou comer-te". Como é que as piranhas sobreviveram lá em baixo durante 2 milhões de anos sem comida, perguntam vocês? Fácil. Aquilo estava cheio de piranhas! Canibalismo foi a escolha acertada. No entanto, tinham algum bom senso, pois conseguiam sempre reproduzir-se a tempo de não serem comidas.
Mamas! Muitas mamas! Este filme tem muitas. E, no fundo, é isso que todos querem saber. Mamas e piranhas.
À beira do lago estão localizadas todas as infraestruturas dedicadas a um único fim (as tais mamas). Desde palcos flutuantes, barcos insufláveis, jet-ski, homens com mangueiras a esguichar (não, calma, são mesmo mangueiras), e umas colunas de som do tamanho de uma carrinha Pão-de-forma. A festa está garantida. Or is it..?
O herói desta história é um puto cujo nome não me recordo, que é o filho da "Sheriff" lá do sítio. Como ele conhece a zona, convidam-no para ir num barco, para indicar um sítio perfeito para filmar cenas pornográficas. Eu avisei. O barco tem um fundo de vidro, pelo que nos é possível ver duas senhoras despidas, debaixo de água, a fazer coisas. Com ele, no barco, foi também uma amiga de quem ele gosta muito mas "ah, não sei quê, friend zone". Lá para o fim, de certeza que acabam juntos. Nada de novo aqui.
Meanwhile, a Sheriff faz uma investigação rápida sobre a morte do tal pescador e descobre um peixe estranho. Leva-o a um cientista maluco (Cristopher Lloyd) e ele conta-lhe que é uma piranha que se considerava extinta. Not anymore!
Cheia de pressa, a agente da autoridade desloca-se ao lago, onda está mesmo a começar a festa. Ela e os seus ajudantes tentam, em vão, evitar que os adolescentes manhosos entrem na água. Como é óbvio, mal-educados que são, não ligam à polícia e entram no lago. É bem feito, porque agora mais de metade deles vão morrer. QUE COMECE A CARNIFICINA!
Desde o Jurassic Park que não via pessoas a morrer de forma tão horrenda. As piranhas, ao contrário dos grandes dinossauros, são.. pequenas. Mas continuam com fome. As pequenas e rápidas dentadas desfazem um corpo em alguns segundos. Ou melhor. Desfazem dezenas de corpos em alguns segundos. Bem podem tentar fugir. Alguns têm a boa ideia de subir ao palco flutuante. Trepam, trepam e, à medida que o fazem, o palco começa a tombar para um lado. "Não faz mal", pensam eles, "isto aguenta, senão não flutuava". Tombou. Tudo na água outra vez, tudo à mercê dos peixinhos. Foi um grande banquete onde só faltou o Bardo.
No Barco do Amor está tudo tranquilo. Passam devagarinho por uma ilhota, onde vêm duas crianças a acenar. Eram os irmãos do rapaz, filho da Sheriff. Desobedeceram ao irmão, os traquinas. Para aprender, vão ser comidos por piranhas! Naaaah, just kidding. As crianças não podem morrer, é um filme! Mas está na hora do lanche e as piranhas também começam a atacar. Depois das duas senhoras nuas terem morrido, decidem que se calhar é melhor fugir. Desgraça das desgraças, encravam numas rochas. O barco começa lentamente a afundar-se, mas mesmo a tempo de todos se salvarem. O herói tem um plano infalível para se livrar das piranhas. Já está cá fora, mas a "soon to be namorada" ainda está presa lá dentro. "Se calhar é melhor salvá-la", pensa ele, "senão a minha mãe põe-me de castigo". E que melhor maneira do que mergulhar e ir buscá-la... As piranhas, ocupadas com um cadáver, decidem que mais vale um pássaro na mão que dois a voar, e deixam-se estar. O plano passa por 1) salvar a rapariga e 2) enquanto o faz, deixa uma botija de gás aberta com "flares" prontos a disparar. O plano para sair dali é simples. Os dois estão atados por uma corda ao barco da mãe, que entretanto chegou para os salvar. O barco puxa-os, felizmente nunca batendo nas rochas que encalhou o outro barco (tiveram sorte) e logo depois, o barco explode. Centenas de Piranhas voam pelos ares, com um cheirinho gostoso a fazer lembrar as esplanadas de Setúbal.
O filme acaba bem, pois os protagonistas estão sãos e salvos. Não acaba tão bem para as outras centenas de famílias que perderam os seus filhos, mas não sejamos do contra...
De todos os fóruns que conheço, este é um deles.